É ingenuidade achar que transformar o Supremo em convento

 

Boa pergunta. É uma declaração interessante de Gilmar Mendes — e pode ser lida de diferentes formas. Vamos destrinchar o que ele quis dizer, quais são os argumentos por trás da frase, e quais implicações isso pode ter para o Supremo e para a confiança institucional.

O que Gilmar Mendes disse exatamente

Segundo o Correio Braziliense, Mendes afirmou:

“Alguém acredita que, se transformasse o Supremo num convento, a população iria dar maior credibilidade? Isso é uma ingenuidade, além de não ajudar em nada no vínculo com o conhecimento da realidade.” 

Ou seja, ele critica a ideia de tornar o STF uma instituição “sagrada”, completamente apartada de poder, sem conflito, sem protagonismo visível — como se fosse um “convento”.

Interpretação e significado

Realismo institucional

Gilmar parece defender que o Supremo deve ser uma instituição “humana”, com juízes que têm posicionamentos, que interagem com a realidade social, política e jurídica.

Ele sugere que afastar demais a Corte da realidade — como se fosse um espaço de isolamento monástico (“convento”) — não necessariamente gera mais credibilidade para a população.

Credibilidade vs. isolamento

Para ele, a credibilidade não vem simplesmente de um “status sagrado” institucional.

Se o STF for visto como algo “além” ou acima demais da sociedade, pode até perder parte do vínculo com as demandas reais e a percepção de legitimidade popular.

Conhecimento da realidade

Ele menciona que esse tipo de “isolamento” não ajuda no “vínculo com o conhecimento da realidade”. Ou seja: para a Corte julgar bem, precisar conhecer bem os problemas reais do país, as tensões sociais, os dilemas políticos.

Um tribunal muito fechado e distante pode se desconectar dessas realidades.

Defesa da instituição com protagonismo

Mendes já defendeu antes uma atuação mais proativa do STF. 
Valor International

Então, não parece que ele esteja defendendo um tribunal passivo; pelo contrário, ele acredita que o STF tem um papel ativo e relevante, mas que esse papel não deve ser romantizado como algo “puro” ou “sagrado”.

Críticas possíveis a essa visão

Risco de judicialização: Para alguns, esse tipo de defesa de protagonismo pode reforçar a ideia de “ativismo judicial” — ou seja, que o STF ultrapassa seus limites constitucionais.

Percepção de parcialidade: Se os ministros são “muito humanos” e muito visíveis, pode haver a crítica de que eles estão mais sujeitos a pressões políticas ou midiáticas.

Imagem institucional: Há quem defenda que uma postura mais reservada fortalece a imagem de imparcialidade e de autoridade moral da Corte.

Por que isso é relevante agora

A declaração de Mendes veio num contexto de críticas ao STF e de discussões sobre legitimidade institucional. 

Há tensões políticas crescentes, especialmente em relação ao papel do Judiciário na vida democrática brasileira.

A discussão sobre “como o STF deve se posicionar” (mais reservado, mais proativo, mais institucionalizado ou mais engajado) é central para a confiança pública na Justiça.

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