Como é viver sob a lei de ferro do Comando Vermelho

 

Complexo da Penha, na Zona Norte carioca, podia usar o uniforme do Chelsea, time de futebol da Inglaterra.

Era o patrocinador máster da equipe. E as camisetas estampavam o número 3 bem grande. Mas o três é estritamente proibido nas favelas do Comando Vermelho (CV), por remeter ao Terceiro Comando Puro (TCP), seu maior rival na disputa por territórios no Rio.

Regem a vida de milhões de pessoas que vivem nas comunidades controladas pelos traficantes do CV não apenas onde o grupo criminoso nasceu, mas também nos outros Estados para onde se expandiu em todo o país.

Comunidades controladas pela facção no Rio contam que uma delas é que não se pode dizer "a gente" – para os membros do CV, só fala assim quem está do lado inimigo. Nas áreas do CV, é "nóis". Se errar, leva uma bronca e a suspeita de ter relação com o TCP.

Milícias e expandiu seus negócios para além da venda de drogas. Passou a monopolizar o gás, a TV a cabo, a internet e o transporte.

Do CV no Rio – o preço gira em torno de R$ 90 onde o comércio não é controlado pelo crime. A internet varia de acordo com a velocidade contratada e vai de R$ 70 a R$ 130.

Reportagem, é cobrado diretamente pelos traficantes. Um morador de uma favela da Zona Sul dominada pelo CV contou que um conhecido apanhou por não pagar o gás e foi expulso da comunidade.

Os carros de aplicativo não podem subir o morro – para fazer esse serviço, existem os mototáxis estacionados logo na entrada da favela. Ou as vans, autorizadas pelos traficantes, que lucram com elas.

Bateu na mulher, o "desenrolo" com os traficantes pode resultar em espancamento com pauladas e expulsão da favela, ou, em casos mais graves, em assassinato.

Uma das mãos cortadas pelo CV. Se, ainda assim, alguém insistir, pode "parar no pneu" (ser jogado dentro de pneus e incinerado). Olhar para "mulher de bandido" também é grave, digno de agressões físicas ou morte.

Lança-perfume (uma droga inalante ilícita) em algum traficante, vai sofrer retaliações. Se esbarrar em um deles – ou quiser tirar satisfação caso esbarrem em você – pode levar algum "esculacho".

A denúncia do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), resultado de investigações policiais e que baseou a operação nos complexos da Penha e do Alemão, tem imagens, por exemplo, de uma mulher dentro de um balde de gelo, com uma legenda acusando-a de ser "brigona" e "arrumar confusão no baile". Outra foto mostra um homem no chão, aparentemente sendo agredido.

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