Cientistas conseguem criar embrião humano
Sim há indícios recentes de que cientistas conseguiram dar passos nessa direção, mas não é (ainda) equivalente a “criar embrião humano completo” com DNA de células da pele de forma funcional e viável para desenvolvimento completo.
Aqui está um panorama do que já foi atingido, das limitações e dos desafios éticos/científicos:
O que já foi feito
Um grupo nos EUA (na Universidade de Oregon, OHSU) usou o DNA de células da pele humana para criar “óvulos funcionais” em laboratório.
Eles removeram o núcleo de um óvulo doador (despojando-o de seu próprio DNA) e inseriram o núcleo de uma célula da pele (que contém um genoma completo).
O desafio principal é que uma célula da pele tem dois conjuntos de cromossomos (diploide), mas óvulos e espermatozoides têm apenas um conjunto (haploide). Para funcionar corretamente, metade dos cromossomos precisa ser “descartada” — processo natural de meiose. Eles tentaram induzir processos similares para eliminar metade dos cromossomos.
Em alguns casos, esses óvulos “reprogramados” foram fertilizados com espermatozoides em laboratório, e os embriões resultantes chegaram a estágios iniciais de desenvolvimento (até o sexto dia).
Porém, todos os embriões obtidos apresentaram anomalias cromossômicas, o que impede que se tornem viáveis como embriões normais.
A eficiência foi bastante baixa: menos de 10% dos óvulos reprogramados deram origem a embriões até o dia seis.
Em outro contexto, há também pesquisas que produzem estruturas semelhantes a embriões (“embryo‐like models” ou “synthetic embryo models”) a partir de células-tronco pluripotentes (derivadas ou reprogramadas), sem necessariamente usar espermatozoides ou óvulos normais. Essas estruturas modelam fases iniciais do desenvolvimento embrionário, mas não têm capacidade real de se desenvolver em um feto humano completo.
O que não foi alcançado — e por que ainda não é um embrião humano “normal”
Os embriões obtidos até agora não são viáveis para desenvolvimento normal por causa de anomalias genéticas (número de cromossomos estranho, erros na segmentação) — o que significa que não podem evoluir até um feto saudável.
A taxa de sucesso é extremamente baixa, e a variabilidade genética/erros nos processos de meiose induzida ainda são grandes obstáculos.
Há sérias questões éticas, legais e regulatórias: muitos países têm leis que limitam a pesquisa com embriões, uso de embriões clonados, limites de tempo de cultivo (por exemplo, a regra dos 14 dias em algumas jurisdições) e o uso reprodutivo dessas técnicas.
Mesmo se superados problemas técnicos e regulatórios, há ainda o desafio de garantir segurança e saúde (evitar mutações, malformações, efeitos indesejados etc.).
Conclusão
Então, respondendo de modo direto:
Sim, cientistas conseguiram usar DNA de células da pele para produzir óvulos “funcionais” em laboratório, fertilizá-los e gerar embriões nas fases muito iniciais.
Não, isso ainda não equivale a criar um embrião humano completo, viável para desenvolvimento normal, implantação no útero e nascimento estamos longe disso.
O que foi conseguido até agora é mais um “prova de conceito” que exige muitos anos de pesquisa até se tornar realidade (se for possível de forma segura e ética).
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