Encontro entre Lula e Trump na Assembleia Geral da ONU
Aqui vão alguns pontos do que se pode esperar (e algumas incertezas) de um possível primeiro encontro entre Lula e Trump na Assembleia Geral da ONU. Se quiser, posso também ver o que já se especula no Brasil sobre esse encontro — isso ajuda a “costurar” entre o que internacionalmente já se comenta e o que Lula poderia fazer/sugerir.
Para entender o significado do encontro, é importante ter claro:
Diferenças políticas e diplomáticas
Lula (Brasil) e Trump (EUA) têm visões bastante distintas sobre comércio, meio ambiente, soberania, multilateralismo, política externa de alianças tradicionais etc. Lula tem dado bastante ênfase à cooperação global, direitos humanos e preservação ambiental; Trump tem uma abordagem mais nacionalista, com foco em interesses americanos primários. Essas diferenças criam tanto tensões quanto oportunidades de diálogo.
Momento internacional
Esse será o primeiro discurso de Trump na ONU em seu segundo mandato, o que já traz certa atenção especial. As questões ao redor de Gaza, do conflito Israel-Palestina, da reforma da ONU, do financiamento internacional, das mudanças climáticas, das migrações etc. estarão em pauta.
Expectativa de performance diplomática
Na ONU, discursos têm peso simbólico muito importante. A ordem dos discursos, a retórica usada, quem critica quem, e como posicionar o país no cenário global — tudo isso importa. Lula, por exemplo, tradicionalmente usa esse tipo de fórum para se posicionar como voz do “Sul global” / dos países em desenvolvimento. Trump pode querer reforçar narrativas de soberania, segurança, imigração.
Clima, meio ambiente, transição energética Lula pode reforçar compromissos climáticos do Brasil, pedir cooperação internacional, recursos para adaptação, créditos de carbono etc. Trump pode minimizar certas obrigações internacionais, focar em interesses econômicos, cumprimento das metas com “lucro” ou “vantagem para os EUA”. Talvez apresente visões mais pragmáticas ou seletivas sobre meio ambiente.
Comércio e tarifas Lula pode criticar tarifas impostas pelos EUA que prejudiquem exportações brasileiras ou a competitividade de certos setores; pode tentar negociar suavizações ou compensações.
Trump usará sua autoridade para justificar medidas de proteção ao mercado americano; pode tentar extrair concessões de exportadores ou negociar acordos específicos.
Multilateralismo / papel da ONU Lula pode defender a importância da cooperação internacional, o fortalecimento da ONU, da diplomacia preventiva, das instituições multilaterais, e criticar cortes ou desinvestimento; pode apoiar reformas para aumentar voz de países em desenvolvimento. Trump pode destacar que organizações multilaterais precisam entregar mais valor para os contribuintes americanos; pode propor reformas, exigências de eficiência, ou condicionalidades, ou mesmo mostrar ceticismo sobre certas entidades ou processos.
Direitos humanos, migração Lula tende a enfatizar justiça social, direitos humanos, dignidade, inclusão dos migrantes e refugiados. Trump pode reafirmar posições sobre segurança de fronteiras, controle migratório, talvez resistir a mecanismos internacionais que obriguem os EUA a aceitar responsabilidades além do que julga razoável.
Agenda do Sul global / cooperação com América Latina Lula pode buscar alianças com países da América Latina, África, Ásia para defender posições conjuntas (por exemplo em mudança climática, dívidas, comércio justo), buscando usar.
Imagem internacional: Um bom discurso de Lula contrastando com expectativas sobre Trump pode reforçar sua imagem de líder global comprometido com causas coletivas. Para Trump, é oportunidade de mostrar que voltou “renovado” ou com credibilidade, especialmente para o público internacional.
Pressão diplomática: A ONU permite que vozes menores (relativamente) façam escuta global — Lula poderá usar isso para pressionar os EUA em temas específicos (meio ambiente, direitos, financiamentos, etc.). Trump, por outro lado, pode usar a própria visibilidade da ONU para solidificar sua base e apresentar conquistas.
Limites práticos: No entanto, discursos e encontros de liderança nem sempre se traduzem em políticas concretas ou mudanças profundas. Há o risco de retórica sem resultado, de promessas não cumpridas, de divergências fundamentais que não se resolvem só por diálogo.
Riscos diplomáticos: Se houver tom confrontativo demais, críticas explícitas, Trump pode reagir mal; pode haver repercussões comerciais ou políticas entre os dois países. Além disso, temas sensíveis como tarifas, legislação de reciprocidade, postura sobre eleições, justiça internacional etc. tendem a gerar atritos.
Incertezas / o que ainda não se sabe
Não se confirmou publicamente todos os detalhes do encontro → não se sabe se será uma reunião formal bilateral ou apenas troca de aperto de mãos nos bastidores.
O quanto cada um vai “mexer nos pontos nevrálgicos” (tarifas, meio ambiente, direitos humanos) vs. o quanto vão priorizar discursos mais moderados/diplomáticos para evitar desgaste.
Até que ponto haverá consequências práticas do encontro: acordos, memorandos, promessas concretas, ou simplesmente sinalizações simbólicas.
A reação interna de seus respectivos públicos: Lula no Brasil precisa balancear expectativas da esquerda, do setor produtivo, dos ambientalistas etc; Trump precisa manter apoio de sua base e dos setores econômicos.
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